Uma Festa de Natal até à rua!
Tamanha multidão fez soar o alarme de alguém que espreitara pela janela:
-É muita gente! Não vão caber!
À hora prevista, as portas abriram-se e a multidão preencheu todos os espacitos do salão, mas alguns não passaram das escadas que lhe dão acesso. Estimava-se a presença de mais de quatrocentas pessoas, o que transformou o salão numa pequena sala. Parecia ter encolhido!
Finalmente o pano abriu e até este tinha história: Dez tiras de uma peça de ganga alinhavadas e cosidas, durante dois longos dias, pela Dona São Macieira, antiga auxiliar de acção educativa da escola, já aposentada, mas nunca descansada. Nem os dois “Rottweiler anões” e com pelos nos olhos, que guardam a sua casa conseguem impedir as solicitações continuas da escola… Os apresentadores, dois dos finalistas, deram as boas vindas e apresentaram as propostas que traziam.
-“Há mais alegria no dar do que no receber”, por isso estamos aqui a fazer esta festa para todos vós! – referiu um dos apresentadores, repetindo o discurso de Jesus, há mais de dois mil anos, talvez para recordar a razão principal daquela festa: O Nascimento de Jesus.
Os primeiros “artistas” a entrar no palco, sabiamente construído, pelo Chefe Victor Almeida, que também não tem descanso, foram os alunos da Jardim-de-Infância, das educadoras Florbela e Alice interpretando Canções de Natal.
Os alunos do 1º ano, da sempre bem disposta Professora Margarida Santos entraram logo de seguida, com uma dança bem movimentada e alegre; a Turma do 2º ano, da Professora Isabel Leituga entrou de seguida com uma dramatização “ A Estrela Cintilante “ e os alunos do 3º ano da turma da professora Teresa Mainha, com a canção do “Pai Natal Cansado”.
O público presente não regateava o seu aplauso, maravilhado com a descontracção das crianças em palco. Metade da festa estava cumprida. A troca de olhares e os sorrisos dos professores denotavam que tudo corria bem.
Chegou a vez da Turma D dos 2º, 3º e 4º anos do professor Américo Pereira, que trouxe à festa a peça “A Dúvida” escrita pelo professor com a colaboração dos seus alunos. Habituados às surpresas das apresentações da Turma D, o público concentrou a sua atenção na boca de cena onde, imóveis, as crianças esperavam a abertura completa do pano.
O som do clarinete do Hugo quebrava o silêncio do salão, com uma melodia suave e tranquilizadora. Durante a peça, entre gargalhadas e sorrisos, aconteceu de tudo: manifestações de protesto, imitações dos professores, canções de Natal em português e em inglês, jograis e, para terminar, o “Haka da Turma D” inspirado nas danças guerreiras das tribos do povo "Maori" das ilhas neozelandesas.
Finalmente os alunos, dos 3º e 4º anos da professora Fernanda Antunes, os “Finalistas da B”, apresentaram a peça de teatro “O Rapaz de Bronze” de Sophia de Mello Breyner Andresen . Caracterizados de acordo com a história, todos os alunos demonstraram ter memorizado o seu papel e mostraram-se descontraídos no palco, incluindo o Hugo da turma D que, nesta peça, substituiu o Luís, em recuperação de uma doença.
Para fechar a festa e chamar o Pai Natal os professores subiram ao palco e improvisaram uma orquestra, onde até os agrafadores e perfuradores serviram de instrumentos musicais, para tocarem e cantarem a última canção “Já meti o meu chinelo”.
Para completar a alegria das crianças, os últimos a subirem ao palco foram os Pais Natais, que distribuíram as prendas oferecidas pela Junta de Freguesia e os lanches oferecidos pela Associação de Pais.